segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Espiritismo


De acordo com o IBGE, o espiritismo tem 20 milhões de adeptos no Brasil, o que faz do nosso país a maior nação espírita do mundo.

Em meados do século 19, as primeiras pessoas capazes de se comunicar com os espíritos se manifestaram. Porém, o espiritismo só se estruturou de fato a partir da obra de Alan Kardec, pseudônimo de Hippolite Léon Denizard Rivail.

Rivail era um professor francês muito famoso, discípulo de Pestalozzi. Vou abrir um parêntese e falar rapidamente de Pestalozzi, pois sou sua fã.

Pestalozzi foi um famoso educador suíço que revolucionou sua área com a máxima de que “o amor é o eterno fundamento da educação”. Sua escola recebia crianças de toda a Europa. Em sua escola não havia castigos ou recompensas e os alunos podiam entrar e sair na hora em que quisessem, sendo tratados com todo o respeito e afeição.

Voltando para Rivail, com 18 anos já era professor e traduzia livros do inglês e alemão para o francês. Era muito racional e ligado às descobertas científicas da sua época. Quando lhe falaram sobre o fenômeno das mesas gigantes, ele não acreditou. Esse fenômeno era a diversão das elites dos centros urbanos europeus, e acontecia assim: homens e mulheres davam-se as mãos em círculo ao redor de mesas redondas, que se erguiam sem serem tocadas. Eram feitas perguntas e as respostas vinham por meio das mesas com suas batidas no chão. A maioria das perguntas se concentrava em futilidades.

Ao saber do fenômeno Rivail disse: “só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula”. Assim, ele passou a participar das reuniões e se espantou quando percebeu que o fenômeno era autêntico. A partir daí, usou toda a sua formação para estudar o fenômeno, e logo começou a modificar o caráter das reuniões. Elaborou metodicamente uma série de perguntas a serem respondidas com precisão pelos espíritos, utilizando a indução: método de investigação científica em que se estudam vários casos singulares para se chegar a uma conclusão universal.

Ele reuniu os resultados desses estudos em forma de um livro, contando até mesmo com uma revisão feita pelos espíritos através de uma médium chamada Japhet. E desta forma assinou seu primeiro livro “O livro dos espíritos” como Alan Kardec, evitando usar seu nome verdadeiro muito associado aos livros didáticos.

O livro dos espíritos foi lançado em Paris, em 1857 e foi um sucesso estrondoso. E em meio a grandes elogios também vieram as críticas. Um padre chegou a acusar Kardec de enriquecer com o espiritismo. Na Espanha, o bispo mandou queimar 300 exemplares da obra em praça pública, porém os resultados foram contrários, a disputa foi grande pelos exemplares que não foram queimados. Sobre esse episódio kardec escreveu: “ Podem queimar livros, mas não se queimam ideias.

Alguns princípios da doutrina espírita são: a existência de Deus, a imortalidade da alma, a reencarnação, o esquecimento do passado, a comunicação com os espíritos, a existência de vida em outro mundo, a lei da ação e reação, a fé raciocinada, a lei da evolução e a lei da moral.

De acordo com o espiritismo, os espíritos estão em toda parte. Os menos evoluídos são os que mais se agarram ao plano material. Outros vão para o umbral (região para onde vão os espíritos perturbadores e revoltados, incapazes de alcançar níveis espirituais mais elevados.) e os menos apegados às paixões e ao mundo seguem para colônias espirituais. O espiritismo não acredita no inferno, e sim em espíritos evoluídos e inferiores, sendo que o desejo de Deus é que todos os espíritos alcancem a perfeição ao longo de várias vidas.

Vale a pena ressaltar Chico Xavier, médium brasileiro responsável pela popularização do espiritismo no país. Ele é respeitado por muitos, até mesmo de outras religiões. Morreu aos 92 anos em 2002, deixou 412 livros psicografados, a maioria de autoria de seu parceiro espiritual, Emmanuel. Por seu pacifismo e luta em prol dos necessitados, é comparado a Gandhi, Madre Tereza de Calcutá e São Francisco de Assis.

Apesar do sucesso, Chico continuava uma pessoa humilde e vivia na simplicidade. Sua única fonte de renda era a aposentadoria de funcionário público do Ministério da Agricultura. O dinheiro dos 30 milhões de livros vendidos ia todo para instituições de caridade.

Próxima religião: Taoísmo!

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